Monthly Archives: Maio 2010

Diário de Coimbra comemora 80 anos

“Portugal precisa de uma urgente reforma liberal” é o título que Adriano Lucas, director do periódico, dá ao editorial da edição aniversária.

Provedoria (regional) do leitor

aqui abordei no assunto, que retomo, após a leitura de um dos periódicos da região de Leiria.

Caso. Declarações de um dirigente de um clube, que visam o seu antecessor, sem que tenha havido lugar ao direito do contraditório. O antigo dirigente exerce-o, através de um ‘direito de resposta’, remetido, pelo periódico, para a página do leitor.

Comentário. Lida a notícia motivadora do ‘direito de resposta’, verifica-se que num âmbito que não teria sido, eventualmente, o previsto antes da abordagem, são tecidos comentários, pelo actual dirigente, que atentam contra o bom-nome do seu antecessor. Haveria, certamente, direito ao contraditório, pois não se tratava de uma entrevista. Por outro lado – aqui reside o motivo que leva à redacção deste post –, o visado, o leitor, não terá exercido correctamente o direito de resposta.

Alguns excertos da Lei de Imprensa, art. 25.º:

“O texto da resposta ou da rectificação, se for caso disso, acompanhado de imagem, deve ser entregue, com assinatura e identificação do autor, e através de procedimento que comprove a sua recepção, ao director da publicação em causa, invocando expressamente o direito de resposta ou o de rectificação ou as competentes disposições legais.”

“O conteúdo da resposta ou da rectificação é limitado pela relação directa e útil com o escrito ou imagem respondidos, não podendo a sua extensão exceder 300 palavras ou a da parte do escrito que a provocou, se for superior, descontando a identificação, a assinatura e as fórmulas de estilo, nem conter expressões desproporcionadamente desprimorosas ou que envolvam responsabilidade criminal, a qual, neste caso, bem como a eventual responsabilidade civil, só ao autor da resposta ou da rectificação podem ser exigidas.”

Bareme Imprensa Regional 2010

Já são conhecidos os resultados do estudo Bareme Imprensa Regional deste ano, do qual se retiram as seguintes notas:

– Aumento do interesse, geral, por este tipo de imprensa (51,9% em 2010 e 49,7% em 2009);
– Castelo Branco continua a ser o distrito onde se regista mais audiência (aumento de 3,7%, relativamente a 2009);
– O distrito de Santarém foi o que mais cresceu (8,4%), passando do 4.º para o 2.º lugar do ranking;
– Leiria mantêm o 3.º lugar, com um ligeiro aumento (1,1%);
– Preferência, dos leitores, pelos semanários (28%), seguidos pelos mensários (11,4%).

Importa referir que a amostra do estudo foram 219 títulos, menos 18 do que em 2009, o que poderá ter influenciado os resultados. Este primeiro olhar é geral, desconhecendo-se a variação de títulos/distrito analisados.

Por fim, chamo a atenção para os mensários, associados à imprensa local, das freguesias, das pequenas localidades. No presente estudo, certamente estão relacionados com pequenos municípios, pequenos regiões, porém, importa referir que a imprensa local, normalmente com periodicidade mensal, apesar de ser ainda desconhecida – não existem estudos sobre ela –, desempenha um papel importante na vida das populações. Não só na preservação das suas memórias, mas também de promoção à literacia. Aliás, seria interessante que alguém estudasse, ao nível da educação para os media, este tipo de publicações e o seu papel junto dos leitores.

Leituras complementares:
28% dos leitores de imprensa regional preferem semanários.
Castelo Branco, Santarém e Leiria lideram leitura de imprensa regional.
Coimbra lidera audiências.
Bareme Imprensa Regional 2009.

Actualizado dia 20 de Maio, 12h05.

“Agenda do Cidadão” na Imprensa Regional

Uma das apresentações do 2.º Encontro da Montanha – Comunicação e Deliberação.

Media(tismo) e o Papa

Foto: João Filipe Matias/O Mensageiro

Num olhar muito superficial à cobertura efectuada pelos media locais à visita papal, de 11 a 14 de Maio, fica a ideia que a tradição se mantém, isto é, primeiro pensa-se no papel e só (eventualmente) depois, na web, no caso da imprensa.

Regista-se a excepção A Voz Local TV (Jornal de Lousada), do concelho de Lousada, distrito do Porto, cujo o único meio é o digital e, portanto, foi para aí que trabalhou. Notável a cobertura desenvolvida, se considerarmos que, segundo informações recolhidas, se trata de um projecto com apenas duas pessoas.

Declaração de interesses: o autor destas linhas é jornalista no semanário O Mensageiro.

Mais a sul, em Fátima, e os media circundantes, destaca-se, mais uma vez, um meio que opera unicamente na web, o Fátima TV, ‘obrigado’ a empenhar-se na cobertura da visita de Bento XVI, ora não tivesse ela ocorrido na sua área de intervenção. Vários videos, diários, foram produzidos. Já no que toca à imprensa, Notícias de Fátima e Notícias de Ourém, não registaram mais do que os contéudos pensados para a edição em papel.

Alargando o olhar, à região, apenas O Mensageiro e Região de Leiria rentabilizaram os seus espaços na internet. No primeiro caso – imprensa de inspiração cristã – destaca-se o facto de ter criado um blogue. Duas notas sobre ele: convergência de conteúdos, produzidos sobretudo pelos media nacionais, e aproveitamento das redes sociais. Importante aquilo que parece ter sido um não ignorar o que os outros fazem, isto é, encarar que têm mais e melhores meios e que não há necessidade de ‘fazer mais do mesmo’. Outro pormenor curioso foi o aproveitamento do Twitter, sobretudo através de um colaborador do jornal, padre, com uma maior proximidade dos acontecimentos, que foi partilhando informações e imagens sobre os mesmos. Já quanto ao semanário com maior tiragem no distrito de Leiria, mais experiente na produção de conteúdos multimédia, aparentemente não se mobilizou, como é habitual. Videos ou slideshows não foram, pelos menos até esta data/hora, colocados online. A criação de blogues, para o acompanhamento em directo, como fez aquando das eleições Autárquicas e Legislativas, não se verificou desta vez. No que toca a Jornal de Leiria e Diário de Leiria, o tradicional shovalware, que não acrescenta nada de novo.

Há tempos, li, algures, um estudo que referia que a preferência dos cibernautas, em jornais online, vai para os slideshows. É, de facto, uma potencialidade que a Internet tem e que rentabiliza o trabalho dos fotojornalistas. Um exemplo que os media locais e regionais podem aproveitar.

Nota final para a assessoria de imprensa. É certo que mais de dois mil jornalistas credenciados levaria a muitas solicitações e trabalho por parte da equipa do Ministério dos Negócios Estrangeiros e colaboradores. É, porém, de lamentar a atenção dada aos media regionais, quer na atribuição de espaços, sobretudo aos fotojornalistas, que puro e simplesmente não os tiveram, quer na prestação de informações. Pior do que ir rementendo, para outrém, exclarecimentos, é ignorá-los (infelizmente não foi só com os media regionais). Procedimentos a rever, no futuro.

Bareme Imprensa Regional 2010

“Os resultados da edição de 2010 do Bareme-Imprensa Regional 2010, promovido pela Marktest e a Meioregional, serão apresentados na segunda quinzena de Maio”, avança o Briefing.

Provedor(ias)

A edição de hoje do semanário Região de Leiria anuncia um acordo de cooperação entre o título e a Associação para o Desenvolvimento de Leiria, entidade que decidiu criar a figura do Provedor. A ideia é motivar a participação dos cidadãos, para uma cidade, uma região melhores. O papel do jornal será o de publicar as questões mais relevantes e respectivas respostas.

Feita a introdução, lança-se a questão: E porque não ser este um ponto de partida para um Provedor do Leitor?

Parece-me que seria uma iniciativa igualmente construtiva, para toda a imprensa regional, seus jornalistas e leitores. Há cumprimentos legais, como direitos de rectificação e de resposta, que nem sempre têm o tratamento devido. Seja por desconhecimento dos leitores, seja dos títulos(?).

Manifestação de interesses: Para um projecto relativamente recente, agradecemos a divulgação feita pelo Região de Leiria, que recomendou o Local Media PT, no seu espaço ‘WWW’.

Distrito de Portalegre fecha (126 anos depois)

Por questões de viabilidade económica, o bispo de Portalegre-Castelo Branco, D. Antonino Dias, justifica o fim da publicação.

Um olhar para a carta de despedida leva-nos a questionar até que ponto as publicações locais e regionais estão atentas ao online, que do ponto de vista de produção tem custos residuais.

Por outro lado, D. Antonino, citado pela Ecclesia, refere que irá reflectir quanto à necessidade de “ter um novo órgão de informação”. Será sensato ‘deitar para o lixo’ uma marca instituída há 126 anos, para começar uma nova (papel ou web?), quando se manifestam problemas económicos?