Category Archives: Opiniões

Um olhar sobre a(s) imprensa(s) regional e local

O estado actual da imprensa e os desafios que se lhe apresentam, motivaram uma entrevista ao mensário local O Portomosense, a propósito do seu 30.º aniversário (3 de Janeiro). Um jornal cuja cooperativa proprietária detém ainda a rádio Dom Fuas e a Zona TV.

Ciberjornais regionais em pousio

quem questione o relançamento do Portal Imprensa Regional, quando a generalidade das publicações já está, de uma maneira ou de outra, na rede de redes (sites, blogues, redes sociais, etc).

“Esta dinâmica da imprensa regional já bem cimentada no «mundo online» poderá colocar alguns desafios ao projecto, desafiando o seu conceito, a sua utilidade e, mesmo, a sua existência.”

Porém, estar não é o mesmo que trabalhar. Veja-se, a título de exemplo, as publicações que aderiram ao Portal. Umas não têm qualquer conteúdo noticioso, outras há muito que deixaram de cultivar (ou nunca o fizeram), jornalísticamente falando, aqueles espaços. Mas não são as aderentes casos únicos. Há por aí muito ciberjornal regional em pousio.

Contrariar essa(s) realidade(s) significa apostar na produção. E para isso são necessários produtores, isto é, jornalistas (realidade que nem sempre se verifica nas redacções destas publicações). Já se há interesse ou possibilidades para os ter, será outra discussão (em todo o caso, jornais sem jornalistas mais parece um parodoxo).

Se há intenção do Governo de apoiar as publicações regionais e locais ao nível de competências tecnológicas, o que será preferível: 1) disponibilizar-lhes plataformas ou 2) ensiná-las a rentabilizar esses espaços?

Concluo-o com mais uma questão: fará sentido que num mesmo território (distrito, p.e.) existam vários ciberjornais assumidamente regionais?

Comunicação digital na imprensa regional

No âmbito das Jornadas Nacionais da Comunicação Social, foi publicado um artigo que reflecte sobre a imprensa regional.

AIC contra Taxa de Regulação e Supervisão

A Associação de Imprensa de Inspiração Cristã (AIC) – representa a maioria dos títulos de imprensa local e regional em Portugal – aprovou recentemente um comunicado que irá remeter à Presidência da República, primeiro-ministro, partidos políticos e comunicação social.

Em causa está a Taxa de Regulação e Supervisão aplicada pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), que já levou ao encerramento de 63 títulos, da AIC, em 2010.

Comunicado*
Os membros da Associação da Imprensa de Inspiração Cristã (AIC) reuniram-se em assembleia-geral, a 11 de Fevereiro, tendo mais uma vez constatado quão gravosa é a taxa de regulação e supervisão, para os orçamentos das suas empresas de comunicação, cada vez mais fragilizadas pela presente crise.

Um número considerável de associados já se viu forçado a encerrar as suas actividades, devido aos sucessivos golpes provenientes de diversos sectores, que lhes foram infligidos. Constataram que este extermínio ainda não chegou ao fim, mormente se persistirem as actuais condições que debilitam as suas publicações e lhes retiram a capacidade de continuar a sua missão e a prestação do serviço público que proporcionam sobretudo às populações mais isoladas do interior do Pais. Com tantas limitações e impostos decretados directa e indirectamente sobre o sector da imprensa regional, está igualmente em risco o importante papel que as suas publicações desenvolvem a serviço da Cultura e da Língua portuguesas em terras de emigrações e nos Palopes.

Esta situação tornou-se gravosa já em 2010, porque as publicações tiveram que pagar o imposto referente àquele ano, a metade do ano de 2006 e ao ano 2007 e tanto mais gravosa será, dado que em 2011 vai ser exigido o pagamento das quotas referentes aos anos de 2008, 2009 e provavelmente do ano de 2011.

Os associados da AIC vêm manifestar o seu protesto veemente contra uma taxa provadamente injusta e que contribui para tornar mais difícil e espinhosa a sua missão, inviabilizando-a progressivamente. Não aceitam que sejam as suas empresas a financiar uma entidade para serem reguladas pelo Estado, para além das taxas devidas por actos praticados pela Entidade Reguladora da Comunicação (ERC). A taxa de regulação e supervisão viola o princípio da justa repartição da carga fiscal pelos contribuintes e configura um verdadeiro imposto de repartição.

Pelo que os associados da AIC vêm requerer que uma taxa tão penalizadora seja suspensa e, ao mesmo tempo, que a ERC promova junto do Governo a sua revogação, por manifesta injustiça.

Fátima, em 11 de Fevereiro de 2011.
A Assembleia Gera da AIC

* Aprovado na generalidade. Copiado da edição de 17 de Fevereiro do semanário O Mensageiro.

Jornal de “luto” pela acção da ERC

Prosseguem – no distrito de Leiria – os protestos da imprensa local contra a Taxa de Regulação e Supervisão, submetida pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).

Depois de um título do município de Leiria ter chamado à atenção na primeira página, é agora a vez de outro mensário, da Batalha, fazer o mesmo. Primeira página, edição a preto e branco e “dois – jornais – em um”.

O que é o jornalismo de proximidade?

Jornalismo de proximidade: rituais de comunicação na imprensa regional é certamente a obra mais citada quando falamos em jornalismo nas localidades e nas regiões. Mas afinal o que diferencia o jornalismo daquele que é descrito por Carlos Camponez?

Partilhe a sua opinião, experiência, quer seja jornalista ou colaborador de um órgão de comunicação social local ou regional, leitor ou investigador.

Desabafos da imprensa local

A propósito do que já aqui se falou, apresenta-se um recorte do Jornal das Cortes, mensário leiriense.

Aqui e ali a imprensa local, e também regional, vai manifestando o seu descontentamento, relativamente à Taxa de Regulação e Supervisão

Questões ‘ERCianas’


Dois dos principais rostos da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) escrevem num blogue. Nada de mais (inclusivamente há quem já tenha abordado o assunto anteriormente)!

O que motiva estas linhas é a recolha de alguns indicadores que me levam à afirmação “a ERC e quem a representa deveria rever a sua forma de actuação”.

Acompanho o referido blogue e, pelo que observo, tem actualização diária (ou praticamente, com uma ou mais). Mesmo não sendo “o blogue da ERC”, são lá debatidos temas relacionados com os média, a prática do jornalismo e dos jornalistas. Resumindo, algumas das áreas de actuação da entidade reguladora.

Por outro lado, já pude constatar que a mesma entidade é pouco dada a respostas ou esclarecimentos (mesmo quando a correspondência é endereçada directamente a um dos autores do referido blogue). Sobretudo quando se trata dos média locais (um exemplo) ou regionais e/ou seus jornalistas.

A vontade que me dá, ao ‘abrigo’ da frase que surge no blogue dos dois membros da ERC – “Não renunciarás à tua liberdade de expressão e de opinião” – seria dizer que “se gerissem melhor o tempo entre escreverem naquele espaço e responderem às questões dos média que regulam (também os ‘pequenos’), ganhariam muito mais”. Mas nem vou por aí, até porque não é “o blogue da ERC” (whatever). Antes, prefiro recordar algumas das palavras que foram proferidas no decorrer da apresentação do estudo “A Imprensa Local e Regional em Portugal”.

“O elogio da Imprensa Regional”

“(…) Os grandes diários portugueses continuam a ser, ante do mais, jornais de Lisboa ou do Porto. Jornais que pouca importância dão ao que se passa para além das áreas urbanas destas duas cidades. Jornais incapazes de reflectir o palpitar da vida quotidiana das gentes das cidades e das aldeias da “província”. Uma província que, desde logo, pouco se interessa por tais jornais (…) J.M. Nobre Correia, Professor de jornalismo na Université Libré de Bruxelas in “A Cidade dos Média”.

A importância da imprensa regional ultrapassa largamente aquilo que se julga quando se olha o país e o mundo com a visão estreita do centralismo, a partir de Lisboa.

A imprensa regional mudou. Soube modernizar-se. Adoptou modelos empresariais mais dinâmicos e consentâneos com as novas realidades do nosso tempo. Profissionalizou-se e tornou-se um suporte informativo e publicitário de grande potencial.

Rosto humanizante e próximo do país real, a vocação da imprensa regional é o jornalismo de proximidade; são as notícias-de-ao-pé-da-porta, que escapam à grande imprensa generalista que, lhe garantem reconhecidos e invejáveis índices de fidelização de leitores.

No mundo globalizado, a imprensa regional é factor essencial de preservação das identidades – que a Europa tanto defende. Mas é também factor de enraizamento, porque liga as comunidades à sua terra de origem.

O conceito antropológico de região cultural aplica-se-lhe com inteira justiça, quando a mobilidade e errância da imprensa regional é capaz, como nenhum outro meio de comunicação, de vencer fronteiras e geografias na ligação às comunidades de lusofalantes.

Por tudo isto, a imprensa regional tem dado um contributo decisivo na promoção da coesão regional, bem como tem sido um estímulo à descentralização. Factores essenciais ao desenvolvimento harmónico do país.

meioregional.pt

Será que são precisos mais?


Jornais diários. Regionais. No lançamento da apresentação do estudo da ERC, foram alguns os meios que replicaram o take da Lusa, que chamava a atenção para um ‘problema’: falta de diários regionais.

Das duas, uma: ou referem-se às plataformas digitais (o que não me parece), ou então não percebo!

Recordo que o referido estudo aponta os mensários e os semanários como os mais lidos. Por outro lado, não me parece que se verifique uma tendência de compra (já para não falar em leitura) diária, de títulos regionais e/ou locais. Refiro-me – claro está – ao papel.

E depois, parece-me uma falsa questão, quando cada título dispõe de pelo menos dois meios: papel e Internet. Quero dizer, esbate-se a ideia da periodicidade quando há o cibermeio – de actualização permanente (24/7). Na prática, todos os jornais locais e regionais, com respectivo website, são diários (ou pelo menos têm essa possibilidade)!

Não se trata, portanto, de falta de jornais diários (papel), mas sim do fraco aproveitamento da web por parte destes. Aliás, com aparecimento/melhoramento de multimeios, não faz qualquer sentido falar-se em periodicidade. Um Dário de Coimbra, um O Mirante, um Jornal do Fundão ou um Região de Leiria, são – ou deveriam ser – marcas de informação (ponto).